terça-feira, 8 de maio de 2018

Questões de Exame: Fundamentação da Moral


Leia o texto seguinte.
Ser caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há, além disso, muitas almas de disposição tão compassiva que, mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade ou interesse pessoal, acham íntimo prazer em espalhar alegria à sua volta e se podem alegrar com o contentamento dos outros, enquanto este é obra sua. Eu afirmo porém que, neste caso, uma ação deste tipo, ainda que seja conforme ao dever, ainda que seja amável, não tem qualquer verdadeiro valor moral […].
I. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, p. 28 (adaptado)
Por que razão Kant afirma que o tipo de ação descrito no texto anterior não tem valor moral?

2019 1ª fase grupo I
3. Imagine que o Luís precisa urgentemente de medicamentos e que a única maneira de os conseguir é pedir dinheiro emprestado a um amigo rico, sem ter a intenção de lho pagar. Neste caso, o Luís decidiu adotar a máxima «faz promessas enganadoras quando não há outra forma de resolver os teus problemas pessoais».
Esta máxima pode ser usada para fazer uma crítica à ética kantiana, dado ser razoável argumentar quea máxima
(A) não é imoral, ainda que não seja racional querer universalizá-la.
(B) é imoral, ainda que venha a ter aprovação dos agentes envolvidos.
(C) não é imoral, embora seja um imperativo categórico condicional.
(D) é imoral, embora dê prioridade às consequências da ação.


2012 1ª fase
Leia o texto seguinte.
Texto B
Quando Kant propõe […], enquanto princípio fundamental da moral, a lei «Age de modo que
a tua regra de conduta possa ser adotada como lei por todos os seres racionais», reconhece
virtualmente que o interesse coletivo da humanidade, ou, pelo menos, o interesse indiscriminado da humanidade, tem de estar na mente do agente quando este determina conscienciosamente a moralidade do ato. Caso contrário, Kant estaria [a] usar palavras vazias, pois nem sequer se pode defender plausivelmente que mesmo uma regra de absoluto egoísmo não poderia ser adotada por todos os seres racionais, isto é, que a natureza das coisas coloca um obstáculo insuperável à sua adoção. Para dar algum significado ao princípio de Kant, o sentido a atribuir-lhe tem de ser o de que devemos moldar a nossa conduta segundo uma regra que todos os seres racionais possam adotar com benefício para o seu interesse coletivo.
John Stuart Mill, Utilitarismo, Porto, Porto Editora, 2005
Na resposta a cada um dos itens de 2.1. a 2.4., selecione a única opção adequada ao sentido do texto.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2.1. Segundo Stuart Mill, Kant verdadeiramente valoriza
(A) as circunstâncias da ação.
(B) o interesse da humanidade.
(C) o imperativo categórico.
(D) um imperativo hipotético.
Prova 714.V1/1.ª F. • Página 3/ 8
2.2. Kant defende que a ação moral é determinada
(A) pela inclinação e pela boa vontade.
(B) pelo exemplo e pelo sentimento.
(C) pela razão e pelo dever.
(D) pelo bem-estar e pela felicidade.
2.3. Stuart Mill defende que uma ação tem valor moral
(A) sempre que o agente renuncia ao prazer.
(B) quando a intenção do agente é boa.
(C) sempre que resulta de uma vontade boa.
(D) quando dela resulta um maior bem comum.
2.4. Para Kant, a lei «Age de modo que a tua regra de conduta possa ser adotada como lei por todos os
seres racionais» significa que
(A) os seres racionais estão submetidos a leis objetivas.
(B) as ações morais são avaliadas segundo as leis vigentes.
(C) as ações morais são avaliadas pelas suas consequências.
(D) os seres racionais estão submetidos às suas emoções.

2012 2ª fase
Leia o texto seguinte.
Texto A
 Ficaria eu satisfeito de ver a minha máxima (de me tirar de apuros por meio de uma promessa não verdadeira) tomar o valor de lei universal (tanto para mim como para os outros)? E poderia eu dizer a mim mesmo: – Toda a gente pode fazer uma promessa mentirosa quando se acha numa dificuldade de que não pode sair de outra maneira? Em breve reconheço que posso em verdade querer a mentira, mas que não posso querer uma lei universal de mentir; pois, segundo uma tal lei, não poderia propriamente haver já promessa alguma […]. Por conseguinte, a minha máxima, uma vez arvorada em lei universal, destruir-se-ia a si mesma necessariamente.
Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Coimbra, Atlântida, 1960
1.1. Explique, a partir do exemplo do texto, por que razão o ato de mentir nunca é moralmente permissível, segundo Kant.
1.2. Compare o papel da intenção do agente na ética de Kant com o papel da intenção do agente na ética de Stuart Mill.



2012 época especial
Leia o texto seguinte.
Texto B
O princípio da felicidade pode, sem dúvida, fornecer máximas, mas nunca aquelas que serviriam de leis da vontade […]. Podem certamente dar-se regras gerais, mas nunca regras universais, isto é, regras que, em média, são corretas na maior parte das vezes, mas não regras que devem ser sempre e necessariamente válidas […]. Este princípio não prescreve, pois, a todos os seres racionais as mesmas regras práticas, embora estejam compreendidas sob um título comum, a saber, o de felicidade.
 Kant, Crítica da Razão Prática, Lisboa, Edições 70, 1989
Na resposta a cada um dos itens de 3.1. a 3.4., selecione a única opção adequada ao sentido do texto. Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
3.1. Segundo Kant, o princípio da felicidade
(A) prescreve regras universais, porque todas as pessoas as podem seguir.
(B) é contrário à moral, porque torna as pessoas egoístas.
(C) é um princípio ético que a todos impõe a beatitude.
(D) pode fornecer regras, mas não uma lei moral.
3.2. O texto de Kant refere-se implicitamente ao imperativo categórico quando menciona
 (A) as máximas da ação.
(B) as leis da vontade.
(C) regras em média corretas.
(D) o princípio da felicidade.
3.3. Diferentemente de Kant, Stuart Mill defende que a ação ética visa
(A) a obtenção do prazer pessoal e a promoção de interesses individuais.
(B) o prazer em realizar a ação independentemente dos seus resultados.
(C) a promoção do maior bem comum.
(D) o desejo do agente de ser feliz. 3.4.
3.4 A ética de Stuart Mill pode ser classificada como
(A) hedonista, porque a felicidade e a qualidade dos prazeres são o objetivo da vida boa.
(B) hedonista, porque a intensidade e a duração do prazer são o objetivo da vida boa.
 (C) deontológica, porque o critério ético é a vontade enquanto determinante da ação.
 (D) deontológica, porque o critério ético é o resultado das ações.

Atente no problema apresentado no caso seguinte.
Circulam já alguns automóveis autónomos, ou seja, capazes de se conduzirem a si próprios. As empresas envolvidas na produção de automóveis autónomos têm feito grandes progressos, e os problemas tecnológicos levantados pela exigência de autonomia estão quase resolvidos. Subsiste, todavia, um problema ético: os automóveis autónomos podem ser programados para, em caso de acidente iminente, darem prioridade à segurança dos seus passageiros ou, em alternativa, darem prioridade à minimização do número total de vítimas.
Qual das duas programações referidas seria adotada por um defensor da ética de Mill? Justifique.

2016 1ª fase
Será que, de acordo com a ética utilitarista de Mill, quando calculamos as consequências dos nossos atos, temos a obrigação de dar prioridade aos nossos familiares, amigos e vizinhos mais próximos? Porquê?

Segundo Kant, a máxima de que devemos diminuir os outros para ver reconhecida a nossa superioridade não está de acordo com o imperativo categórico, tal como é apresentado na fórmula da lei universal, porque
(A) a sua adoção universal anularia o nosso sentimento de igualdade.
(B) não tem em conta o interesse próprio de todos os agentes.
(C) a sua adoção por todos os agentes teria consequências negativas.
(D) não é possível universalizá-la sem que ela se anule a si mesma.

2016 1ª fase
Leia o texto. Que outra coisa pode ser, pois, a liberdade da vontade senão autonomia, isto é, a propriedade da vontade de ser lei para si mesma? […] Vontade livre e vontade submetida a leis morais são uma e a mesma coisa.
I. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, p. 94 (adaptado)
 Explique por que razão, segundo Kant, «vontade livre e vontade submetida a leis morais são uma e a mesma coisa».

2014 2ª fase
1. Leia o texto seguinte.
É na verdade conforme ao dever que o merceeiro não suba os preços ao comprador inexperiente, e, quando o movimento do negócio é grande, o comerciante esperto também não faz semelhante coisa, mas mantém um preço fixo geral para toda a gente, de forma que uma criança pode comprar no seu estabelecimento tão bem como qualquer outra pessoa. É-se, pois, servido honradamente; mas isso ainda não é bastante para acreditar que o comerciante assim proceda por dever e por princípios de honradez; o seu interesse assim o exige […].
I. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, p. 27 (adaptado)
1.1. Distinga, partindo do exemplo dado por Kant, agir por dever de agir em conformidade com o dever.
1.2. Explique, de acordo com Kant, a relação entre autonomia e boa vontade.

6. De acordo com Kant, uma pessoa que, motivada pela obediência a um mandamento da religião que professa, dá assistência a quem vive numa situação de pobreza
(A) age, neste caso, apenas por dever.
(B) age, neste caso, por respeito à lei moral.
(C) não tem, neste caso, uma vontade autónoma.
(D) é uma pessoa que, neste caso, se autodetermina.

Leia o texto seguinte.
O utilitarismo exige que o agente seja tão estritamente imparcial entre a sua própria felicidade
e a dos outros como um espectador desinteressado e benevolente.
J. S. Mill, Utilitarismo, Lisboa, Gradiva, 2005, pp. 63-64
Há quem critique a exigência referida no texto por ser excessiva.
Dê um exemplo que ilustre essa crítica ao utilitarismo. Na sua resposta, comece por explicitar a exigência referida no texto.

2014 2ª fase
Leia o texto seguinte. É perfeitamente compatível com o princípio de utilidade reconhecer que alguns tipos de prazer são mais desejáveis do que outros [...]. É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito; é melhor ser um Sócrates insatisfeito do que um tolo satisfeito. E se o tolo ou o porco têm uma opinião diferente, é porque só conhecem o seu próprio lado da questão. A outra parte da comparação conhece ambos os lados.
J. S. Mill, Utilitarismo, Lisboa, Gradiva, 2005, pp. 52-54 (adaptado)
Caracterize, a partir do texto, a perspetiva de Mill sobre a felicidade.

2018 1ª fase.
3. Segundo a perspetiva utilitarista, a única coisa desejável por si mesma é
(A) a felicidade.
(B) o dever.
(C) a boa vontade.
(D) a justiça.

2018 1ª fase
4. Considere o caso seguinte. Um agressor apoderou-se de um tanque de guerra e manifestou publicamente a intenção de matar centenas de pessoas. Fez ainda um refém inocente, que mantém no tanque, usando-o como escudo humano. Destruir o tanque, matando o agressor e o refém, é a única alternativa capaz de evitar a morte de centenas de pessoas.
De acordo com a ética de Mill, num caso como o apresentado,
(A) é obrigatório abstermo-nos de agir.
(B) é permissível abstermo-nos de agir.
(C) é obrigatório destruirmos o tanque.
(D) é proibido sacrificarmos inocentes.


Leia o texto seguinte.
Não existe sistema moral algum no qual não ocorram casos inequívocos de obrigações em
conflito. Estas são as verdadeiras dificuldades, os momentos intrincados na teoria ética e na
orientação conscienciosa da conduta pessoal. São ultrapassados, na prática, com maior ou
menor sucesso, segundo o intelecto e a virtude dos indivíduos; mas dificilmente pode alegar-
-se que alguém está menos qualificado para lidar com eles por possuir um padrão último para
o qual podem ser remetidos os direitos e os deveres em conflito. Se a utilidade é a fonte última das obrigações morais, pode ser invocada para decidir entre elas quando as suas exigências são incompatíveis. Embora a aplicação do padrão possa ser difícil, é melhor do que não ter padrão algum […].
S. Mill, Utilitarismo, Lisboa, Gradiva, 2005 (adaptado)
1. Stuart Mill afirma que «a utilidade é a fonte última das obrigações morais» (linhas 6 e 7).
Esclareça o conceito de «utilidade», integrando-o na ética de Stuart Mill.
2. Atente na primeira afirmação do texto de Stuart Mill: «Não existe sistema moral algum no qual não ocorram casos inequívocos de obrigações em conflito.» (linhas 1 e 2).
Confronte as perspetivas de Kant e de Stuart Mill acerca da forma de resolver conflitos de obrigações.
Na sua resposta, recorra a um exemplo de conflito de obrigações.

2015 1ª fase
1. Haverá alguma circunstância em que seja moralmente aceitável matar uma pessoa inocente, sem o seu consentimento, para salvar a vida de outras cinco pessoas?
Apresente as respostas que Kant e que Mill dariam à questão anterior, comparando-as.

2015 2ª fase
A maximização da utilidade, defendida por Mill, obriga a
(A) considerar imparcialmente o bem de cada pessoa.
(B) dar prioridade às pessoas que nos são mais próximas.
(C) satisfazer apenas o nosso interesse próprio racional.
(D) valorizar mais a comunidade do que o indivíduo.

2015 2ª fase
A perspetiva ética de Mill enfrenta a objeção seguinte.
(A) A felicidade não pode ser uma questão meramente quantitativa.
(B) É errado não dar prioridade aos interesses da maioria das pessoas.
(C) Temos de ser responsáveis pelas consequências do que fazemos.
(D) Dar sempre prioridade à felicidade geral é demasiado exigente.

20191ª fase Grupo I
4. De acordo com Mill,
(A) os prazeres físicos e sensuais nem sempre são inferiores.
(B) apenas os animais têm prazeres inferiores.
(C) devemos renunciar aos prazeres inferiores para não nos rebaixarmos à condição animal.
(D) são superiores os prazeres preferidos por quem tem competência para os apreciar.




2015 2ª fase
«Não mintas se queres que acreditem em ti quando dizes a verdade.»
O imperativo anterior é hipotético ou categórico?
Justifique a sua resposta, distinguindo os dois tipos de imperativo.

2014 1ª fase
Leia o texto seguinte. O valor moral da ação não reside, portanto, no efeito que dela se espera […]. Nada senão a representação da lei em si mesma, que em verdade só no ser racional se realiza, enquanto é ela, e não o esperado efeito, que determina a vontade, pode constituir o bem excelente a que chamamos moral, o qual se encontra já presente na própria pessoa que age segundo esta lei, mas não se deve esperar somente do efeito da ação.
 I. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, pp. 31-32 (adaptado)
Compare, a partir do texto, a perspetiva de Kant com a de Mill relativamente àquilo que determina o valor moral da ação.

2013 1ª fase
Leia o texto seguinte.
Ora todos os imperativos ordenam ou hipotética ou categoricamente. Os hipotéticos
representam a necessidade prática de uma ação possível como meio de alcançar qualquer
outra coisa que se quer (ou que é possível que se queira). O imperativo categórico seria
aquele que nos representasse uma ação como objetivamente necessária por si mesma, sem
relação com qualquer outra finalidade. […] No caso de a ação ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa, o imperativo é hipotético; se a ação é representada como boa em si, por conseguinte, como necessária numa vontade em si conforme à razão, como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico.
I. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 2011
1. A partir do texto, mostre por que razão, para Kant, a ação com valor moral se fundamenta no imperativo categórico e não em imperativos hipotéticos.
Na sua resposta, integre, de forma pertinente, informação do texto.
2. Será que há deveres morais absolutos?
Compare as respostas de Kant e de Stuart Mill a esta questão.

2018 1ª fase.
1. Leia o texto seguinte. Uma pessoa, por uma série de desgraças, chegou ao desespero [...]. A sua máxima […] é a seguinte: Por amor de mim mesmo, admito como princípio que, se a vida, prolongando-se, me ameaça mais com desgraças do que me promete alegrias, devo encurtá-la. [...] Vê-se então [...] que uma natureza cuja lei fosse destruir a vida em virtude do mesmo sentimento cujo objetivo é suscitar a sua conservação se contradiria a si mesma.
 I. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1986, p. 63.
1.1. Explique como Kant, recorrendo à fórmula da lei universal do imperativo categórico, condena o suicídio.
1.2. Segundo Kant, uma pessoa que, nas circunstâncias descritas no texto, optasse pelo suicídio agiria de modo autónomo ou heterónomo? Justifique a sua resposta.

2018, 2F, V1
6. De acordo com a ética de Kant, temos a obrigação de respeitar os princípios seguintes: – Nunca se deve violar contratos. – Nunca se deve quebrar promessas. Suponha que alguém prometeu fazer algo, não se apercebendo de que isso implicava violar um contrato. Que problema levantaria este caso à ética de Kant?
(A) O primeiro princípio deverá ser desrespeitado, pois tem menos força do que o segundo.
(B) O segundo princípio deverá ser desrespeitado, pois tem menos força do que o primeiro.
(C) Os dois princípios deixam de ter importância moral, pois mostram não ser universalizáveis. 
(D) O conflito de princípios é irresolúvel, pois ambos constituem proibições absolutas.


2018, F2
1. Leia os dois textos seguintes, um de Kant e outro de Mill. Aquele que diz uma mentira, por muito bem-intencionado que possa ser, tem de ser responsável pelas suas consequências […], ainda que estas possam ter sido imprevisíveis; pois a veracidade é um dever que tem de ser entendido como a base de todos os deveres decorrentes de um contrato, cuja lei se torna incerta e inútil caso se admita a menor exceção. Por conseguinte, ser verídico (honesto) em todas as declarações é um mandamento sagrado da razão […]. 

 I. Kant, «Sobre um Suposto Direito de Mentir por Amor à Humanidade», in A Paz Perpétua e Outros Opúsculos, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 175-176 (texto adaptado).

Todos os moralistas reconhecem que mesmo a regra de dizer a verdade, sagrada como é, admite a possibilidade de exceções, verificando-se a principal quando ocultar um facto (por exemplo, ocultar informação a um malfeitor ou más notícias a uma pessoa muito doente) iria salvar uma pessoa (especialmente uma pessoa que não nós próprios) de um mal maior e imerecido, e quando só é possível realizar a ocultação negando a verdade.
J. S. Mill, Utilitarismo, Porto, Porto Editora, 2005, p. 63 (texto adaptado).

Confronte as posições de Kant e de Mill, expressas nos textos anteriores, acerca da regra de dizer a verdade. Na sua resposta, integre adequadamente a informação dos textos.

2019 1ª fase Grupo V
Entretanto, ela soube que o voluntariado era muito valorizado nas entrevistas de emprego. Por essa razão, decidiu contactar uma conhecida associação de apoio a crianças doentes e conseguiu ser admitida, passando a conciliar o trabalho de voluntariado com os estudos. Pela sua dedicação e pela sua simpatia, a Maria destacou-se desde o primeiro momento como uma das voluntárias favoritas das crianças e das famílias.
O apoio dado pela Maria às crianças doentes e às suas famílias tem valor moral?
Na sua resposta, deve:
‒ clarificar o problema filosófico inerente à questão formulada;
‒ apresentar inequivocamente a sua posição;
‒ argumentar a favor da sua posição.



Leia o Texto 1 e considere-o nas suas respostas aos itens 11 e 12.

Texto 1

Temos a obrigação de ajudar alguém que seja pobre; mas, como o favor que fazemos implica que  o  seu  bem-estar  depende  da  nossa  generosidade,  e  isso  humilha  a  pessoa,  é  nosso  dever  comportarmo-nos  como  se  a  nossa  ajuda  fosse  [...]  meramente  o  que  lhe  é  devido  [...],  permitindo-lhe manter o seu respeito por si própria [...], de modo a não diminuir o valor dessa pessoa enquanto ser humano [...].

Kant, A Metafísica dos Costumes, Lisboa, FCG, 2017, pp. 390-392. (Texto adaptado)

11. É possível inferir do Texto 1 que há atos de caridade que podem ser moralmente censuráveis. Concorda  que    atos  de  caridade  que  podem  ser  moralmente  censuráveis?  Justifique  a  sua perspetiva.

12. No Texto 1, Kant começa por afirmar que «temos a obrigação de ajudar alguém que seja pobre». Essa afirmação exprime um juízo de valor? Justifique a sua resposta.

Correção: Correção: http://iave.pt/images/arquivo_de_provas/2020/714/EX-Fil714-F2-2020-CC-VD_net.pdf



13. Considere o caso seguinte.

Num país, metade das pessoas tem um rendimento mensal de 6000 €, que lhes permite adquirir  bens  que  elas  próprias  consideram  dispensáveis,  e  a  outra  metade  tem  um  rendimento mensal de 600 €, que dificilmente chega para satisfazer as suas necessidades básicas.  Foram  apresentadas  duas  propostas  ao  governo:  na  primeira,  propõe-se  que  o  rendimento  disponível  seja  redistribuído,  transferindo  200    das  pessoas  que  têm  um  rendimento  mensal  de  6000    para  as  que  têm  um  rendimento  mensal  de  600  €;  na  segunda, propõe-se que não se faça qualquer redistribuição.

Um utilitarista tenderia a apoiar a primeira proposta. Porquê?

Correção: Correção: http://iave.pt/images/arquivo_de_provas/2020/714/EX-Fil714-F2-2020-CC-VD_net.pdf



2021, 1ª fase, V1

5. Mill considera que a avaliação moral das ações deve ser feita

(A) em função da felicidade dos outros.

(B) de acordo com os motivos do agente.

 (C) em função da felicidade do agente.

(D) de acordo com as suas consequências.

https://www.examesnacionais.com.pt/exames-nacionais/11ano/2021-1fase/Filosofia-Criterios.pdf


2021, 1ª fase, V1

17. Será que uma ação só é moralmente boa se for motivada pelo dever?

Na sua resposta, deve:

− clarificar o problema filosófico inerente à questão formulada;

− apresentar inequivocamente a sua posição;

− argumentar a favor da sua posição, mobilizando conceitos ou teorias relevantes;

− apresentar pelo menos um exemplo que ilustre a posição defendida.

https://www.examesnacionais.com.pt/exames-nacionais/11ano/2021-1fase/Filosofia-Criterios.pdf


20-21 2ª fase V1
12. Leia o texto seguinte. [Uma ação motivada apenas pela compaixão], por conforme ao dever que ela seja, não tem contudo nenhum verdadeiro valor moral, pois à sua máxima falta o conteúdo moral que manda que tais ações se pratiquem, não por inclinação, mas por dever. I. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, pp. 28-29. (Texto adaptado) 

12.1. Apresente um exemplo de uma ação motivada por uma inclinação e que não seja contrária ao dever. Explique a sua escolha. 

12.2. Kant afirma que uma ação motivada apenas pela compaixão não tem nenhum verdadeiro valor moral. Concorda com esta tese de Kant? Justifique. Na sua resposta, −− apresente inequivocamente a sua posição; −− argumente a favor da sua posição.

Critérios: https://iave.pt/wp-content/uploads/2021/09/EX-Fil714-F2-2021-CC-VT_net.pdf

2022, 1ª fase

– Diz-me tu mesmo francamente, desafio-te… responde-me: imagina que és tu que constróis o edifício do destino da humanidade, para no final fazer as pessoas felizes, dar-lhes enfim a paz e o sossego, mas para isso é necessário e inevitável torturar apenas uma criaturinha pequenina, por exemplo, aquela criança, [...] e assentar esse edifício nas suas lágrimas não vingadas: concordarias em ser o arquiteto nessas condições? Diz-me, e não mintas! – Não, não concordaria – disse Aliocha em voz baixa. – E podes admitir a ideia de que as pessoas para quem constróis esse edifício concordassem em aceitar a sua felicidade à custa do sangue injustificado de um pequeno mártir, e aceitando-a vivessem felizes para sempre? – Não, não posso admitir.

 F. Dostoievski, Os Irmãos Karamázov, Lisboa, Relógio D'Água Editores, 2012, p. 251.

13.1. Identifique a teoria moral que está a ser rejeitada por Aliocha. Justifique a identificação feita.

13.2. Aliocha rejeita a maneira descrita de se alcançar a felicidade. Que justificação moral poderia Aliocha dar para essa rejeição?



2.ª fase 2022

11. Considere os dois imperativos seguintes.

1. Não viole os contratos se quer fazer bons negócios.

2. Não viole os contratos.

Identifique o imperativo, 1. ou 2., que, de acordo com Kant, é moral, explicitando a característica que o

distingue daquele que não é moral.

Prova 714.V1/2.ª F. • Página 5/ 7

Critérios: Filosofia-Criterios.pdf (examesnacionais.com.pt)


2ª fase 2022

12. Leia o texto seguinte.

As emoções e os sentimentos podem provocar distúrbios destrutivos nos processos de raciocínio em determinadas circunstâncias. [...] [Mas] a ausência de emoções não deixa de poder comprometer a racionalidade que nos torna distintamente humanos e nos permite decidir em conformidade com um sentido de futuro pessoal, convenção social e princípio moral. […] Emoção, sentimento e regulação biológica desempenham um papel na razão humana. […] O facto de agir de acordo com um dado princípio ético requerer a participação de circuitos [neurológicos] modestos no cerne do cérebro não empobrece esse princípio ético. O edifício da ética não desaba, a moralidade não está ameaçada.

A. Damásio, O Erro de Descartes – Emoção, Razão e Cérebro Humano, Mem Martins,

Publicações Europa-América, 1985, pp. 14-15. (Texto adaptado)

Argumente contra a ética de Kant a partir da informação do texto anterior.


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2023, 2ª fase

11. Considere o texto seguinte. 
O conceito do dever em toda a sua pureza é […] incomparavelmente mais simples, mais claro e, no uso prático, mais compreensível e mais natural, para quem quer que seja, do que todo o motivo procedente da felicidade […]. A vontade que se orienta pela máxima da felicidade oscila entre os seus motivos quanto ao que deve decidir; com efeito, olha para o resultado, e este é muito incerto; é preciso ter uma boa cabeça para se desenvencilhar do emaranhado de razões e contrarrazões e não se enganar na ponderação. Pelo contrário, se se interroga sobre qual é o seu dever, […] sabe logo o que tem de fazer. I. Kant, A Paz Perpétua e Outros Opúsculos, Lisboa, Edições 70, 1990, pp. 70-71. 

11.1. Explique a objeção kantiana, presente no texto, à adoção da máxima da felicidade. Na sua resposta, integre informação do texto. 
11.2. Concorda com a perspetiva de Kant expressa no texto? Na sua resposta, deve:  − apresentar inequivocamente a sua posição acerca da perspetiva de Kant expressa no texto;  − argumentar a favor da sua posição, recorrendo a um exemplo.


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Considere o texto seguinte. A piedade é um sentimento natural […]. É ela que nos leva a socorrer, sem pensar duas vezes, as pessoas que vemos em sofrimento […]. É ela que, no lugar da máxima […] Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti, inspira a todos os seres humanos esta outra máxima de bondade natural, bem menos perfeita, mas talvez mais útil do que a anterior: Faz o que é bom para ti provocando o menor mal possível a outrem. É, em suma, neste sentimento natural, mais do que em argumentos subtis, que é preciso procurar a causa da repugnância que qualquer ser humano sentiria ao praticar o mal, independentemente das máximas que lhe moldaram a educação. 
J.-J. Rousseau, Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens, Lisboa, Penguin, 2021, pp. 54-55. (Texto adaptado) 

O autor do texto defende que a máxima de que cada um deve fazer o que é bom para si provocando o menor mal possível a outrem não é afetada por variações pessoais nem culturais. Como é que o autor justifica a sua posição?

Critérios:https://www.examesnacionais.com.pt/exames-nacionais/11ano/2023-2fase/Filosofia-Criterios.pdf

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A justiça é um nome para certas exigências morais que, consideradas coletivamente, ocupam um lugar mais elevado na escala da utilidade […] do que quaisquer outras, ainda que possam ocorrer casos particulares em que outro dever social é tão importante que passa por cima das máximas gerais da justiça. Assim, para salvar uma vida, pode não só ser admissível, mas constituir mesmo um dever, roubar ou tirar à força a comida ou os medicamentos necessários, ou raptar e forçar a trabalhar o único médico qualificado. Nesses casos, […] dizemos geralmente, não que a justiça tem de dar lugar a outro princípio moral, mas que, devido a esse outro princípio, aquilo que é justo nos casos comuns não é justo neste caso particular. 
J. S. Mill, Utilitarismo, Porto, Porto Editora, 2005, p. 104. 14.1. 

Explicite as razões que, de acordo com o texto, justificam que um ato habitualmente tido por injusto possa «não só ser admissível, mas constituir mesmo um dever». Na sua resposta, integre informação do texto. 

Critérios: https://www.examesnacionais.com.pt/exames-nacionais/11ano/2023-2fase/Filosofia-Criterios.pdf

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14.2. Concorda com a ideia segundo a qual um ato habitualmente tido por injusto possa «não só ser admissível, mas constituir mesmo um dever»? Na sua resposta, deve:  − apresentar inequivocamente a sua posição;  − argumentar a favor da sua posição.

Critérios: https://www.examesnacionais.com.pt/exames-nacionais/11ano/2023-2fase/Filosofia-Criterios.pdf

2023-2024 1.ª fase

11. A imparcialidade é uma exigência do princípio da utilidade defendido por Mill. Caracterize a imparcialidade exigida pelo princípio da utilidade. Na sua resposta, comece por apresentar o princípio da utilidade. 

12. Kant defende que é possível fazermos o bem e, mesmo assim, as nossas ações não terem valor moral. Concorda com a perspetiva de Kant acerca do valor moral das ações? 
Na sua resposta, deve:
 − apresentar inequivocamente a sua posição;
 − argumentar a favor da sua posição.