Determinismo:
Tudo o que fazemos é causado por forças que não controlamos.
Se as nossas forças são causadas por forças que não
controlamos, então não agimos livremente.
Logo, nunca agimos livremente.
Dizer que um sistema é determinista é afirmar que tudo o que nele
acontece resulta de causas anteriores, e que, logo que as causas ocorram, os
efeitos têm de se seguir inevitavelmente, dadas as circunstâncias circundantes
a as leis da natureza[1]. Então,
sempre que encontremos a mesma causa, encontraremos o mesmo efeito. Isto é, sempre que as mesmas
circunstâncias ocorrerem, serão produzidos os mesmos efeitos, tornando
previsíveis os acontecimentos. O determinismo não constata simplesmente a
presença de causas, afirma que essas causas, sempre que ocorram nas mesmas
circunstâncias, produzirão os mesmos efeitos. Daí que se negue a presença de
deliberação livre da vontade no que respeita ao ser humano.
Exemplos:
- O ciclo da água;
- Os sismos;
- Os vulcões;
Se ocorrerem determinadas
circunstâncias, então os efeitos decorrem inevitavelmente de certas causas.
Sempre que um anticiclone estaciona nos Açores o tempo em Portugal é
influenciado. O efeito desse anticiclone é sempre idêntico.
Há dias em que temos saudades do
anticiclone dos Açores.
E o ser humano? É possível
vislumbrar-lhe características determinísticas?
Os acontecimentos neurológicos.
Os estados conscientes são causados
por acontecimentos neurológicos. Realizam-se por vezes cirurgias cerebrais
apenas com anestesia local, o que permite ao paciente estar consciente e
descrever o que lhe vai acontecendo à medida que se vai fazendo estimulação das
partes do cérebro.
Assim, descobriu-se que,
estimulando várias regiões do cérebro, conseguia-se causar todos os tipos de
movimentos corporais, franzir as sobrancelhas, fechar o olho, etc… Até aqui
compreende-se que tal possa ser possível. Mas o mais curioso foi constatar que
os animais que tinham sido sujeitos a estas estimulações, não ficaram
surpreendidos com os movimentos, não revelando qualquer medo.
Do mesmo modo, estimulando um
cérebro humano e sem que o paciente soubesse, foi produzido um movimento da
cabeça e do tronco bem orientado e aparentemente normal. Repetiu-se várias
vezes esta estimulação o que revelou uma coisa ainda mais curiosa: o paciente
conseguia explicar os movimentos, dizendo que andava à procura dos chinelos ou
que tinha ouvido barulho. Um mero reflexo causado por factores externos ao
cérebro promoveu uma consciência.
Estamos perante exemplos muito
fortes de defesa do determinismo e a consequente negação do livre arbítrio.
A Sociedade e a cultura
No princípio do século vinte, com a
crescente importância de um novo ramo do conhecimento – Psicologia -
assistiu-se à promoção de teorias que professavam a influência fundamental do
meio para o desenvolvimento do indivíduo. O Behaviorismo[2]
culminou com teses que sustentavam que a educação determinava o
desenvolvimento. Seria possível, ao produzir ambientes favoráveis,
direccionarmos o desenvolvimento da criança para aquilo que desejaríamos. Neste
sentido, o determinismo social mostrava que há uma relação causa-efeito entre a
circunstância onde se vive e aquilo que se é. Eu sou a minha circunstância.
Há factos que sustentam esta tese.
Estatisticamente, as pessoas oriundas de meios economicamente desfavorecidos
têm mais probabilidade de ter insucesso escolar. Outro exemplo pode ser
encontrado no aumento considerável de suicídios junto de jovens quando os meios
de comunicação dão notícia deste tipo de ocorrências.
Factores genéticos.
Também os factores genéticos
parecem ter um peso significativo nas decisões, escolhas e apetências. Certos
estudos mostram a grande proximidade comportamental entre gémeos monozigóticos
educados em ambientes diferenciados. É conhecido o caso dos gémeos Jack Yufe e
Oskar Stohr. Um deles foi criado em Trindade pelo seu pai; o outro pela sua avó
na Alemanha. Apesar disso, quando voltaram a encontrar-se, ambos usavam óculos
com armações rectangulares e camisa com dois bolsos e dragonas. Ambos tinham um
pequeno bigode. Ambos gostavam de ler revistas de trás para a frente, além de
outras semelhanças desconcertantes.
O argumento determinista é,
então, o seguinte:
Se as nossas acções são
causadas por forças que não controlamos (no sentido de não depender de nós que algo aconteça, mas sim das circunstâncias que inevitavelmente produzirão certos efeitos), não agimos livremente.
Tudo o que fazemos é causado
por forças que não controlamos.
Então não agimos livremente.
Logo, nunca agimos livremente.