Nos argumentos apresentados para defender uma posição ética é comum as pessoas não saberem argumentar. Geralmente partem de uma premissa particular para uma conclusão também particular. É comum ouvir-se o seguinte argumento: Como o meu vizinho não paga impostos, também não pago impostos. Obviamente que, filosoficamente falando, isto é uma brincadeira de crianças. O meu não pagamento de impostos não decorre do incumprimento do meu vizinho. A argumentação exige argumentos válidos. Assim, quando quero defender a minha posição acerca dos touros de morte devo reforçá-la por princípios que sustentem o meu juízo:
Sacrificar animais para divertimento é errado
A tourada com touros de morte é um espectáculo
Logo, as touradas com touros de morte são erradas
Contudo, isto levanta um problema sério. Há sociedades em que sacrificar animais para espectáculos não é de todo errado. Há países em que a luta de cães ou de galos está institucionalizada. Podemos, em virtude deste relativismo, condenar essas práticas? É bastante fácil constatar o princípio fundamental do relativismo ético: diferentes sociedades possuem diferentes padrões éticos. Contudo, ao admitir este facto, devo admitir que qualquer padrão é válido. Ou não?
Vamos discutir o Relativismo.
Pelo simples facto de haver desacordo entre culturas e elas possuírem códigos morais diferentes, não podemos concluir a não existência de uma moral universal única. É certo que o relativismo torna-nos mais abertos e apela a que tentemos ser benevolentes com aquilo que é praticado nas outras sociedades. No entanto, adoptando esta visão de forma radical, perdemos o nosso espírito crítico. Deixamos de poder criticar não só as outras práticas culturais, como também as que existem dentro da nossa própria sociedade (e que, por vezes, temos dificuldade em compreender). É importante as pessoas discernirem bem a sua posição e é crucial perceberem a diferença entre racismo e opinião crítica. Podemos criticar o que pensamos não ser correcto sem com isso sermos acusados de racismo. Sem este espírito, nem sequer existiria progresso moral. Pessoalmente, penso que qualquer cultura deveria sempre e acima de tudo respeitar a vida e a dignidade humanas. Obviamente, sou contra certas práticas, ainda que tenha consciência que há sempre muitos factores em jogo. Rachels dá o exemplo dos esquimós que matam as bebés, porque há falta de comida e, uma vez que os homens são os seus principais fornecedores, são mais precisos. É uma questão de sobrevivência. Será que com esta prática os esquimós dão menos valor à vida humano do que nós?
ResponderEliminarSem mais, Sara. Obrigado pelo comentário. O que não devemos cair é na tentação pós-moderna de nada se poder discutir por que tudo é relativo e subjectivo. É uma forma das pessoas dizerem «não gosto de discutir». Hoje, mais do que nunca, devemos discutir, obviamente com conhecimento de causa.
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