1.
Distinga Relação de Ideias e Matérias de Facto.
David Hume afirmou existirem dois tipos de conhecimento.
O primeiro, as Relações de Ideias, corresponde ao conhecimento a priori, é resultado de intuições e
deduções e rege-se pelo princípio da não contradição. Por exemplo, o triângulo
tem três lados. é uma proposição analítica, porque o predicado já está contido
necessariamente no sujeito. É, por isso, uma verdade necessária. Pelo
contrário, o conhecimento do tipo Matérias de Facto é um conhecimento a posteriori, derivado da experiência e
resulta de processos indutivos. É contingente e corresponde a proposições
sintéticas, como por exemplo os homens
são inteligentes O sujeito homem não
possui de modo necessário o predicado Inteligente.
2.
Caracterize a relação causal de acordo com Hume.
Para Hume, a
causalidade consiste num processo de conhecer que transcende as experiências do
passado e do presente. Quer isto dizer que a causalidade fundamenta-se a partir
de um processo que se resume ao hábito, à contiguidade espácio-temporal e à
sucessão de eventos. Apesar de ser através da experiência que adquiro a noção
de relação entre fenómenos, essa relação não está necessariamente presente. Simplesmente
adquiro essa noção pelo facto do mesmo fenómeno se repetir. Assim, há certas
características que acompanham um fenómeno tipo A®B.
Entre eles existe uma certa conjunção de acontecimentos. A antecede B e A
apresenta-se sempre em conjunção com B. Do mesmo modo, eles estão próximos no
espaço e no tempo e também existe uma precedência cronológica habitual. Todos
estes factores são os motivos pelos quais efetuamos relações de causa e efeito.
Só que esta relação não é necessária, é contigente e baseia-se numa crença na
repetição dos fenómenos.
3.
Defina o problema da indução segundo Hume.
Do que ficou
dito, a causalidade está na origem da indução, embora não a justifique. A
indução consiste numa inferência que decorre da observação e das respectivas
generalizações e previsões. Apesar da base da indução ser a causalidade, esta
baseia-se numa mera repetição de eventos o que não significa que tal relação
seja necessária e, por isso, é difícil de prever que tal ocorra no futuro. Esse
é problema da indução. O simples facto de acontecer no passado não significa
que os mesmos fenómenos ocorram no futuro. Simplesmente existe uma crença. A
conclusão de um argumento indutivo pode sempre ser falsa mesmo que a
experiência que acumulámos sobre um determinado assunto aponte em sentido
contrário
4.
Explique por que razão segundo Hume a relação
causal não pode justificar a indução.
Porque a relação causal que estabeleço entre dois
fenómenos decorre de uma mera regularidade. A generalização efectuada pela
indução não é de todo sustentada a priori,
nem é necessária, decorre de uma mera crença na regularidade dos fenómenos. No
passado constatámos padrões e acreditámos que eles continuariam a produzir-se
no futuro e que isso sempre aconteceu. Porém, como asseverou Hume do facto de
no passado o futuro se ter revelado semelhante ao passado não se pode inferir
que, no futuro, o futuro seja como o passado ou, dito de outro modo, a nossa
experiência apenas pode justificar as nossas crenças acerca do futuro se
tivermos uma justificação independente (dela) para acreditar que o futuro será
como o passado; mas, claro, isso é o que precisamente não temos.
Por outras palavras, o único modo por meio do qual se
pode fazer apelo à experiência para verificar se P®Q é o de observar se no passado se observou sempre que P®Q. Portanto, para mostrar que P®Q é verdadeira seria necessário mostrar que não haveria
casos em que P®~Q e de termos esgotado todas as inferências do tipo P®Q. Logo, P®Q não podem resumir-se
àqueles que foram objecto das nossas observações passadas e presentes. Se P®Q ocorre num certo universo não posso inferir daí que
ocorra em qualquer universo.
5.
Explique a que tipo de cepticismo conduz a
crítica de Hume da indução.
Perante a dificuldade
da indução parece haver uma só saída: o ceticismo. Efetivamente, o problema da
indução veio mostrar-nos que não é possível conhecer a realidade, pois não
devemos confundir a realidade com a perceção que possuímos dessa realidade. Na
base do conhecimento está tão só uma crença na uniformidade da natureza. Para
Hume é bom que assim seja caso contrário ficaríamos numa posição de imobilismo.
Portanto, o ceticismo de Hume não é radical, antes pode ser qualificado de
mitigado ou moderado.
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