terça-feira, 23 de novembro de 2010

O que estou aqui a fazer

Muitas vezes sinto-me frustrado, por vezes renasço, sem saber porquê. É este o dia-a-dia de um professor que ingenuamente quer todos mas que só pode contentar-se com alguns. Mesmo assim, creio que todos os alunos se apercebem da necessidade de pensar e, acima de tudo, de pensar bem. Mas creio que a minha principal função será a de desconstruir. Isso dá-me um certo gozo. Conjugar o egocentrismo com a capacidade do adolescente querer pôr tudo em causa, é uma oportunidade única que um professor tem de exercer o seu papel, neste caso um professor de filosofia. Para tal será conveniente «abalar» os ténues alicerces do conhecimento adquirido até aí e propor-lhe caminhos possíveis. É só o que posso fazer, é assim que me sinto útil.
Para ver: http://camaraclara.rtp.pt/

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Escrita e Cérebro

Sou um entusiasta moderado do uso das novas tecnologias. Por um lado devem funcionar como um meio e nunca como um fim em si mesmas. Se contribuírem para a facilitação, acessibilidade de informação e possibilitar a troca de conhecimentos, tudo bem. Porém, se houver um entusiasmo desmedido a favor de gadgets sem o equilíbrio da crítica, então tudo mal. O nosso índice civilizacional trouxe consigo uma vertente que anteriormente não existia: o exercício científico, o único patamar humano onde ainda se encontra alguma seriedade. Pelo menos assim acredito.
http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1716312&seccao=Sa%FAde

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Acção (ainda não aderi, involuntariamente, ao acordo)

O que torna o ser humano diferente dos outros seres vivos. Quais as características da mente? Como pode uma massa cinzenta ter estados mentais?

1.    Consciência.

Quais as provas da existência de consciência? A não ser que tenhamos qualquer problema de índole neurológico, todos sabemos que estamos aqui, que estamos a ler estas linhas (se calhar estamos a pensar noutro assunto mais interessante), que, no fundo existimos. Como é possível termos consciência. Sabemos pela ciência que existem determinadas actividades electroquímicas específicas que ocorrem entre os neurónios e que causam a consciência. Definindo-a podemos dizer que a Consciência «é um estado mental em que temos conhecimento da nossa própria existência e da existência daquilo que nos rodeia»[1].
O que é, então, fundamental para afirmamos a consciência é necessário:
·         estar acordado;
·         ter uma mente operacional;
·         ter, nessa mente, uma sensação espontânea e directa do eu enquanto protagonista

- É o estado mental fundamental. Sem ela nada tinha algum sentido.

2.    Intencionalidade.

Ter intenção é, antes de tudo, desejar algo, é ter desejo que algo aconteça, é agir de acordo com uma determinada finalidade e de acordo com determinadas crenças. Ter sede é ter o desejo de beber. Ter sede é um estado intencional: tem conteúdo.

3.    Subjectividade.

Todos os estados de consciência são acessíveis de forma diferente em diferentes pessoas. O estado de consciência é característico do cérebro de cada um. Assim, o estado subjectivo é um facto objectivo da biologia (Searle).

4.    Causação mental

Os nossos pensamentos não são imponderáveis e etéreos. O pensamento executa uma acção, quer no nosso cérebro quer no movimento corporal por ele desencadeado.

Resumindo: em todos os estados ditos mentais há uma correspondência biológica, em que o micronível neuronal desencadeia processos macroníveis (pensamentos…) que são e exercem a acção sobre alguma coisa. Tanto o mentalismo (que advoga a existência de pensamento puro) como o fisicalismo (que advoga que tudo se reduz à matéria) são verdadeiros (ideia de Searle, Mente Cérebro e Ciência)


[1] António Damásio, O Livro da Consciência, Temas e Debates, Círculo de Leitores, Lisboa 2010

O necessidade do diálogo entre a História e a Filosofia na definição de uma epistemologia.

O presente trabalho tem por objetivo mostrar que não será possível construir uma noção apriorista da ciência, puramente conceptual. Ao invés...