No tempo em que a Península
Ibérica era ocupada pelos Celtiberos, era costume a realização de sacrifícios
de touros em adoração aos deuses, bem como uma forma de honrar a força, a
bravura, a fecundidade e a vida. No século XII, foram registadas touradas em
países como Portugal, Espanha, França e Peru. Estes festejos consistiam em
colocar um único touro no centro de uma arena, o qual seria enfrentado por
dúzias de homens, e no final morto à vista de todos os espectadores.
Nove séculos mais tarde, é
possível perceber que pouco mudou, mesmo admitindo que as mentalidades
evoluíram e as pessoas tornaram-se muito mais civilizadas, a tortura de um
animal continua a ser considerada um espectáculo.
Os apoiantes desta prática
defendem-na insistindo que é uma tradição portuguesa de muitos anos que deveria
ser mantida; afirmando ainda que os touros que participam na tourada irão para
o matadouro de qualquer forma, sendo assim uma maneira de os mesmos poderem
mostrar a sua resistência e poder, considerando-o um acto de benevolência para
com os touros. Outros consideram ser um espectáculo lucrativo, bem como uma
forma diferente de divertimento.
Porém, em Roma era hábito
realizarem lutas de gladiadores até à morte onde famílias inteiras iam, por
diversão, observar este espectáculo macabro. Uma tradição que esteve presente
na história de Itália durante várias gerações até chegarem à conclusão que era
um atentado à vida humana. Sim, é verdade que os seres humanos possuem uma mente
mais evoluída do que a dos animais, os quais são conduzidos por instintos
selvagens, mas se colocassem uma pessoa com sérias deficiências mentais no meio
de uma arena e lhe espetassem espadas nas costas, seria o acto aceitável? Toda
a gente sabe das lutas ilegais entre cães ou gatos que ocorrem, infelizmente,
um pouco por todo o mundo. Até que ponto é justa a legalidade conferida à
tourada? Será que o touro por ser um animal mais agressivo pode ser martirizado
sem qualquer punição para os homens que praticam tal acto? Ou será que os
interesses financeiros falam mais alto do que a relação harmoniosa e desejável
entre o homem e o animal? Finalmente, em relação ao que eles chamam de acto de
benevolência, na minha opinião, consiste na exploração do sofrimento e na luta
desesperada do animal pela sobrevivência. A nobreza do touro não pode servir de
capa aos desejos humanos de divertimento e, diria mesmo, de sadismo.
Concluindo, com todo o respeito
que me merecem as diferentes formas de espectáculo e os gostos pessoais de cada
um, não posso concordar com uma diversão em que não é solicitada opinião de
participação a um dos elementos envolvidos no jogo.
Carolina Fernandes
Duarte
11ºI, Nº8
Sem comentários:
Enviar um comentário