terça-feira, 14 de outubro de 2014

Série Textos de Alunos: É a tourada aceitável?






No tempo em que a Península Ibérica era ocupada pelos Celtiberos, era costume a realização de sacrifícios de touros em adoração aos deuses, bem como uma forma de honrar a força, a bravura, a fecundidade e a vida. No século XII, foram registadas touradas em países como Portugal, Espanha, França e Peru. Estes festejos consistiam em colocar um único touro no centro de uma arena, o qual seria enfrentado por dúzias de homens, e no final morto à vista de todos os espectadores.

Nove séculos mais tarde, é possível perceber que pouco mudou, mesmo admitindo que as mentalidades evoluíram e as pessoas tornaram-se muito mais civilizadas, a tortura de um animal continua a ser considerada um espectáculo.

Os apoiantes desta prática defendem-na insistindo que é uma tradição portuguesa de muitos anos que deveria ser mantida; afirmando ainda que os touros que participam na tourada irão para o matadouro de qualquer forma, sendo assim uma maneira de os mesmos poderem mostrar a sua resistência e poder, considerando-o um acto de benevolência para com os touros. Outros consideram ser um espectáculo lucrativo, bem como uma forma diferente de divertimento.

Porém, em Roma era hábito realizarem lutas de gladiadores até à morte onde famílias inteiras iam, por diversão, observar este espectáculo macabro. Uma tradição que esteve presente na história de Itália durante várias gerações até chegarem à conclusão que era um atentado à vida humana. Sim, é verdade que os seres humanos possuem uma mente mais evoluída do que a dos animais, os quais são conduzidos por instintos selvagens, mas se colocassem uma pessoa com sérias deficiências mentais no meio de uma arena e lhe espetassem espadas nas costas, seria o acto aceitável? Toda a gente sabe das lutas ilegais entre cães ou gatos que ocorrem, infelizmente, um pouco por todo o mundo. Até que ponto é justa a legalidade conferida à tourada? Será que o touro por ser um animal mais agressivo pode ser martirizado sem qualquer punição para os homens que praticam tal acto? Ou será que os interesses financeiros falam mais alto do que a relação harmoniosa e desejável entre o homem e o animal? Finalmente, em relação ao que eles chamam de acto de benevolência, na minha opinião, consiste na exploração do sofrimento e na luta desesperada do animal pela sobrevivência. A nobreza do touro não pode servir de capa aos desejos humanos de divertimento e, diria mesmo, de sadismo.

Concluindo, com todo o respeito que me merecem as diferentes formas de espectáculo e os gostos pessoais de cada um, não posso concordar com uma diversão em que não é solicitada opinião de participação a um dos elementos envolvidos no jogo.


Carolina Fernandes Duarte

11ºI, Nº8

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