A Filosofia romântica
Resolução das antinomias:
Infinito Eu Ideal Deus | Finito Não eu Real Mundo |
- O finito não existe fora do infinito e o infinito não existe fora do finito
- Esta ideia desemboca no inevitável Panteísmo e Imanentismo.
- Redução de todo o poder espiritual à sensibilidade (Condillac). A diversidade dos poderes espirituais depende da diversidade dos poderes sensíveis.
Fichte elaborou uma concepção do «eu» própria do idealismo alemão. O Eu constitui a realidade primordial. É o agente e o produto da acção. Por isso a sua actividade é pura e infinita. Os românticos apoderaram-se desta concepção fitchiana do Eu e identificaram-no com o génio individual e transferiram para este a dinâmica daquele [1]. O mundo romântico está aberto ao mistério e ao sobrenatual. O verdadeiro mistério exige que o homem desvie o olhar de tudo quanto o rodeia e desça dentro de si próprio. É para o interior que se dirige o caminho misterioso.
Johann Fichte (1762-1814)
No contexto das ciências, a filosofia ocupa o lugar da fundamentação. É a base de todas as outras ciências. No contexto da filosofia tem que se procurar a proposição mais básica, isto é, o fundamento da experiência.
A Experiência é entendida de duas formas: como liberdade e como necessidade. A primeira depende do sujeito (crio uma montanha de ouro, decido ir a Bruxelas…) – inteligência (idealismo); a segunda não depende do sujeito (quando passeio por uma rua, o que vejo, o que oiço, não dependo de mim) – coisa em si (materialismo, determinismo).
Qual é, então, o fundamento da filosofia? Ao procurarmos pela crença básica, encontramos sempre um «eu». Quando digo: «pensem na parede», posso transitar indefinidamente desta forma: «pensem em quem pensou na parede». Por mais que tentamos objectivar um «eu» resta sempre um outro «eu», um «eu» que transcende qualquer pergunta e funciona como condição da unidade da consciência.
Esta descoberta do «eu puro» é puramente intuitiva e é apropriada por alguém que esteja preparado para tal. Não é puro misticismo por que pressupõe uma reflexão aturada. «Não posso mover nem um dedo da mão sem a intuição da minha autoconsciência e dos seus actos. Isto é o fundamento da vida.
O «eu puro» é um «eu transcendental». Não é um solipsismo, é supraindividual.[2]
Fichte esclarece a unidade absoluta como aquilo que é puramente encerrado em si, como a imanência, como o verdadeiro e o imutável. Trata-se de reconduzir o diverso a essa unidade e, inversamente, compreender todo o diverso a partir dessa unidade. Para a Doutrina da Ciência, isto significa: ela compreende unidade e diversidade, fundamento e fundado, princípio e principiado, reciprocamente, na sua relação necessária.
O princípio da filosofia, o seu verdadeiro ponto de partida, é o absoluto. Ele é unidade e verdade. Este absoluto é aquele acerca do qual, frisa Fichte, não está em questão «como se denomina esse ser, mas como se apreende e mantém interiormente. Denomine-se, ainda assim, [esse ser como] eu.»
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