David Hume. O Problema da Indução
Situando-se num âmbito empirista, Hume inscreve a justificação do conhecimento na experiência. Tal como Locke, Hume faz derivar todos os conteúdos da mente na experiência, mas diferencia-se ao utilizar os conceitos de Impressões e ideias. As primeiras são os dados imediatos da experiência; as segundas são cópias das primeiras. A uma ideia corresponde sempre uma impressão. Como se processa este mecanismo? Por outras palavras, como é que as impressões se tornam ideias?
Quando olho para um objecto, obtenho uma impressão. Quando fecho os olhos, obtenho uma ideia. Assim, esta não é mais que uma cópia da primeira. Mas Hume não se fica por aqui. Também distingue as impressões em simples e complexas, assim como distingue ideias simples das complexas. A impressão de uma cor irá corresponder a ideia dessa cor na sua própria ausência. De uma impressão simples obtemos uma ideia simples. Contudo, quando vislumbrar uma pintura, capto uma impressão complexa a que irá corresponder uma ideia complexa desse quadro. Conclui-se daqui que as impressões precedem as ideias. As ideias funcionam, portanto, como o surgimento das impressões, como a recordação das impressões. Ora, Hume apresente duas formas de reaparecimento das impressões: a imaginação e a memória. Quais as diferenças entre as ideias de memória e as ideias de imaginação?
A resposta poderá reportar-se à forma como se combinam as ideias simples. Enquanto a memória conserva as ideias simples nas suas disposições originas, a imaginação introduz metamorfoses nessa disposição, a imaginação combina livremente as ideias simples ao passo que a memória reproduz fielmente a ordem. Esta atitude combinatória revela, para Hume, uma predisposição inata do ser humano para a regularidade, para a disposição sincrónica e diacrónica das ideias, estando na base da ideia de causalidade.