O Ethos, Pathos e Logos são apresentados como três elementos fundamentais do discurso persuasivo. Não se mostram de modo igualitário mas revelam diferentes entoações de acordo com as tendências políticas. Este vídeo de Hitler mostra bem a marca propagandista de uma ideologia extrema. Neste contexto, qualquer que seja o lugar desse extremo no espetro político, os meios são basicamente os mesmos.
Goebbels, principal responsável pela comunicação do partido, faz a introdução com um intuito muito próprio: o de conglomerar as vontades, elegendo inimigo o comum. Prepara o espetador, impulsiona uma vontade comum, fomenta um Pathos tendo em vista a entrada esperado pelo meio da multidão do macho alfa. Com uma passada assertiva e uma linguagem corporal convicta, Hitler acelera o seu passo para se aproximar do púlpito onde fará o seu discurso.
O logos parece evidente. Começando por mostrar uma postura de espera pelo silêncio - ethos - (apesar do seu óbvio nervosismo e fragilidade), depressa vai ao encontro daquilo que o apoquenta. A derrota e a assinatura do armistício em 1918 funciona como o leit motiv da sequência lógica do seu argumento. A ideia funciona. Face a uma plateia atenta, a sua voz tende a ser progressivamente mais forte acompanhando a situação cada vez mais negra da situação alemã. Não é por acaso que, ao inumerar o desemprego, o faça de modo teatral, construindo uma espécie de bola de neve. O Pathos está ao rubro fomentado por um Logos bem estruturado e simplista. A culminação do seu discurso está na elevação da sua pessoa como aquele de quem depende a salvação. A conclusão do Logos está na afirmação do Ethos. «A minha luta» é transformada na «nossa luta». Quer mostrar-se um homem comprometido com o seu povo, um homem que soube esperar, um homem que necessita de 4 anos para transformar. É a definição total do Ethos numa autoglorificação que promove uma reação emotiva de Goebbels e o consequente Pathos da plateia.
Qualquer semelhança com a atualidade é mera coincidência.